quarta-feira, 16 de março de 2011

ANTÓNIO, O ENTALADO

Uma estória que nada tem a haver com realidade.

O António tinha um emprego e trabalhava, não estando em questão a remuneração ou as habilitações literárias. Dava para o gasto e para sustentar sonhos de melhores dias. Se formos a ver, o conto das debilidades financeiras e do combate ao deficit orçamental parecia uma doença crónica. De um momento para o outro, chegou uma crise de contornos excepcionais e os momentos de contenção. A pequena empresa onde trabalhava não suportou esses momentos, por razões diversas, apesar das promessas de incentivo do Estado que nunca chega a quem realmente necessita, e o António foi despedido, obtendo refúgio no fundo de desemprego.

Entretanto, o Governo, com preocupações sobre as elevadas taxas de desemprego, decidiu promover programas de incentivo a novos empresários e a novas empresas. O António, que não gostava de estar parado e dependente, resolveu investir em si próprio. Arrancou com uma actividade e apostou na sua criatividade e empenho.

Posteriormente, o Governo lançou medidas de contenção para a crise, cujo alvo principal era o empresário que o António se tornara e a actividade em que decidiu investir. Com o primeiro PEC vieram os restantes, e o António via o seu investimento fustigado pelas medidas de contenção de um Governo que lhe cortava as pernas que antes incentivara a caminhar. Mais grave, debilitava a possibilidade de alimentar clientes porque todos eles também se viram amputados.

Depois de muito ponderar, entre despesas muitas, lucros poucos e sustentação zero, António resolveu terminar com a agonia e encerrou o negócio. Encerradas todas as possibilidades, verificou que não podia voltar ao refúgio do desemprego e constatou que tinha caído numa armadilha. Agora nem desempregado era. Tinha de começar tudo de novo… mas onde?

Sem comentários: