sábado, 28 de novembro de 2009

OS LADOS DE PINTO DA COSTA

"Os momentos que se vivem no nosso país são delicados e difíceis para todos aqueles que querem fazer alguma coisa fora da capital do império"(…)"Já se falou da regionalização e agora disseram que vai ser nesta vigência. Mas continuamos a assistir a um estrangulamento e centralismo que chega ao desporto e ao futebol"(…)"Vamos continuar a lutar para que Lisboa não seja o centro de tudo e de todas as atenções. Com a força das gentes do Norte vamos lutar contra o centralismo da capital” (…)"O FC Porto está a mais no país que temos, mas é necessário para o país que queremos que Portugal seja."
Pinto da Costa

O lado bairrista, regionalista, separatista e provinciano de Pinto da Costa que sempre procurou dividir para reinar. Este é também o seu lado vencido… sucessivamente.

Naturalmente não vou estar muito mais tempo à frente do clube” (…) “Quem me suceder será alguém que manterá o clube no mesmo rumo de vitórias”.
Pinto da Costa

O lado desgastado, avelhentado e preocupado de Pinto da Costa. O futuro é inseguro.

6 comentários:

Anónimo disse...

Qualquer pessoa que goste de futebol sabe que os campeonatos de Espanha e de Inglaterra são os maiores e mais competitivos da Europa. Quem acompanha estes campeonatos com certeza já constatou que, em qualquer dos jogos realizados, os estádios estão cheios de adeptos que apoiam a equipa que joga em casa, mesmo quando esta recebe a visita de clubes de maior dimensão. Isto acontece porque, nestes países, a população goza de um forte espírito bairrista ou mesmo regionalista, o que permite que cada clube beneficie do apoio incondicional da população da cidade ou região que representa, tornando-se assim mais competitivo e financeiramente mais estável. Ninguém duvida que o Barcelona não seria o colosso que é se não fosse pelo poder mobilizador que possui como bandeira da Catalunha. Ninguém duvida que o Manchester United nunca seria o que é se as suas gentes optassem por apoiar as equipas de Londres. Ora, esta situação não acontece em Portugal porque, graças aos interesses de Lisboa, generalizou-se, junto da população, a ideia pré-concebida de que o bairrismo e o regionalismo são coisas negativas prejudiciais aos país. Assim, apesar de existirem alguns clubes de carácter claramente regionalista (como são os casos do FC Porto e do V. Guimarães), a maioria dos portugueses enveredou pelo benfiquismo, o que contribuiu para a derrocada completa da competitividade do campeonato português. De facto, não é preciso ser muto inteligente para perceber que não faz sentido absolutamente nenhum que um país pequeno, com apenas 10 milhões de habitantes, tenha 3 milhões de seguidores do mesmo clube (e não os 6 milhões que algum pateta se lembrou de inventar e que muita gente ignorante assumiu como realidade). Nem faz sentido que vastas regiões do país com importância económica e política (como são os casos de Trás-os-Montes, Algarve e Alentejo) não possuam presentemente nenhum clube representativo na Primeira Liga, salvo a honrosa excepção do Olhanense que subiu de Divisão este ano. Se isto acontece é porque algo está muito errado em Portugal. Uma coisa é certa: se o regionalismo é negativo e prejudicial, nunca o saberemos enquanto ele não for implementado. Já o centralismo absurdo com que Lisboa absorve e asfixia o país, tem sido notoriamente e indiscutivelmente prejudicial ao desenvolvimento homogéneo de Portugal. Não seria altura de tentar uma solução nova, em vez de nos deixarmos seguir constantemente pelas ideias pré-concebidas que nos tentam impingir em nome dos interesses dos lobbies lisboetas?

O S Unas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
O S Unas disse...

O regionalismo tem virtudes que o separatismo anula. O regionalismo não deve implicar absolutismo contra o centralismo, porque cria pequenos e novos centralismos. O regionalismo só pode ser viável quando for a favor e não contra. Defender melhorias próprias não deve implicar enfraquecimentos de outros. Pinto da Costa não quer a regionalização, quer um governo próprio.

Anónimo disse...

"O regionalismo não deve implicar absolutismo contra o centralismo, porque cria pequenos e novos centralismos."

Concordo com esta afirmação. Mas o medo de que se criem novos centralismos é um argumento falacioso e hipócrita daqueles que não querem acabar com o centralismo absurdo que se vive em Portugal e que levou o país à derrocada.
Ninguém pode ter a certeza de que o regionalismo é nefasto enquanto não o experimentar. Mas podemos ter a certeza absoluta que o centralismo absurdo é prejudicial porque temos séculos de experiência.

"Pinto da Costa não quer a regionalização, quer um governo próprio."

Sinceramente, parece-me que esta frase é uma demonstração óbvia da demagogia com que Lisboa pretende influenciar os portugueses a encarar a regionalização como algo nefasto para o país. De facto, quem acompanha a carreira de Pinto da Costa como presidente desportivo sabe que nunca existiu da sua parte qualquer demonstração de interesse em assumir cargos políticos (apesar de já ter tido convites nesses sentido) e muito menos existe qualquer indício de que pretenda constituir governos próprios.

O S Unas disse...

Realmente, PC nunca se apresentou como candidato político, mas nunca deixou de se candidatar por outros. Aliás, a sua incapacidade de convergência tem custado caro aos apoiados. Agora vontade e intervenção, nem o meu amigo o pode negar. O problema maior, é que não existe neste caso, qualquer interesse de melhoria regional, mas exclusivamente o reforço popular do Clube para enfrentar ódios de estimação. Reconheço que muita gente se cola ao FC Porto para obter reconhecimentos, mas também se reconhece a comunidade de interesses. E outros contra, com benefícios. O Porto não é o FC Porto.

No Algarve, também defendo a capacidade regional sem prejudicar o interesse nacional. Defender a regionalização pela via do futebol, é defender interesses particulares em detrimento dos interesses colectivos. Nunca vi PC discutir a regionalização sem fomentar a guerra Norte/Sul, ver Lisboa a arder ou colocar em causa a legitimidade dos clubes de Lisboa. Isso, não é discutir uma causa, é obsessão por outra coisa.

O diálogo está bom, enquanto se mantiver civilizado.

Cumprimentos

Anónimo disse...

“Realmente, PC nunca se apresentou como candidato político, mas nunca deixou de se candidatar por outros.”

Esta é uma perspectiva muito forçada da situação, para não dizer mesmo viciada. Não é raro encontrarmos, em Portugal e no estrangeiro, dirigentes desportivos directamente relacionados com a política, muitos deles com ligações partidárias perfeitamente conhecidas do público e que não merecem qualquer tipo de crítica por parte de ninguém nem ninguém se preocupa com isso. Se vamos entender que o apoio pessoal de Pinto da Costa a um determinado partido (ao contrário do que afirmas, a sua cor é bem definida: o rosa) constitui uma demonstração da existência de pretensões políticas como tu afirmaste, então o que dizer dos dirigentes que já passaram pela direcção do SLB e que se encontram (ou encontraram) efectivamente em cargos políticos, nomeadamente Fernando Seara, Bagão Félix, Ribeiro e Castro e outros? E o que dizer da participação de presidentes do SLB em jantares de apoio ao PSD, como Manuel Vilarinho? Esses, provavelmente, já não te incomodam, principalmente se essas ligações e apoios até renderem dividendos para os lados da Luz, não é?
Afirmar que Pinto da Costa pretende formar um “governo próprio” com base nessa argumentação é tão ridículo como insinuar que o Vilarinho queria chegar a Presidente da República. Não passam de divagações sem fundamento e claramente contrariadas pelos factos. Só não vê quem não quer ver.

“O Porto não é o FC Porto.”

Tens razão, meu caro. O Porto não é o FC Porto nem é o Pinto da Costa. O Porto é uma nação.
Muitas pessoas pensaram que o povo portuense não iria reconduzir Rui Rio à presidência da CMP devido aos conflitos registados entre o autarca e o Pinto da Costa no decorrer do seu 1º mandato. A verdade é que os portuenses reelegeram Rui Rio e com isso demonstraram uma maturidade cívica exemplar que caiu como uma bofetada de luva branca nessas pessoas. É claro que, se essa gente fosse honesta e tivesse um pingo de vergonha na cara, acusaria o golpe e calar-se-ia, deixando de mandar “bitaites” sobre uma cidade sobre a qual demonstram uma total ignorância. Mas como vergonha é coisa que não impera em Portugal, eis que rapidamente surgiram os demagogos de Lisboa, procurando viciar os dados e retirar as ilações forçadas do costume. Assim, não foi preciso esperar muito para ler os comentários das “alices” que, lá no seu país das maravilhas em que vivem, já pensavam que o povo portuense tinha retirado o apoio ao Pinto da Costa. Nada mais falso, como o tempo tratou de demonstrar. Pinto da Costa e Rui Rio continuaram a merecer a confiança do povo do mesmo modo, mas cada um no seu papel, tal como os portuenses muito bem sabem reconhecer.

“Nunca vi PC discutir a regionalização sem fomentar a guerra Norte/Sul”

Sempre que o Pinto da Costa levanta a voz para criticar o poder centralista perfeitamente obsceno com que Lisboa asfixia o país, eis que os lisboetas, hipocritamente, dão a volta à conversa procurando acusar o presidente portista de atacar o Sul de Portugal. Pois eu desafio-te a transcrever aqui uma afirmação (basta uma!) do Pinto da Costa em que ele tenha dito mal do Sul de Portugal. E não sejas desonesto! Tal como o Porto não é o FC Porto, o Sul não é Lisboa!