terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

TERRA SANGRENTA

Três décadas depois da queda de um regime que levou à morte 1,7 milhões de pessoas, um responsável khmer vermelho sentou-se pela primeira vez no banco dos réus. Kaing Guek Eav, mais conhecido por Duch, dirigia a prisão S-21, o centro de tortura do regime. “Há 30 anos que esperávamos por este dia, mas não sei se vai acabar com o meu sofrimento”, afirmou aos jornalistas o pintor Vann Nath, que esteve na S-21 e só se salvou – ao contrário de outros 15 mil – porque se descobriu que pintava e foi escolhido para fazer retratos de Pol Pot, o líder do Khmer Vermelho.

Ao ouvir falar do Khmer Vermelho recordo-me do líder deste grupo, Pol Pot que tentou implementar no Cambodja o sistema de um país novo, feito com um homem novo. Para isso foi convocada a morte e o genocídio. Nesta época, as crianças e os jovens representavam o futuro e um novo regime, contra os velhos que representavam regimes passados. Daí que qualquer miúdo birrento podia mandar executar um homem qualquer, desde que tivesse vontade.

Isto leva-me a um filme extraordinário e inesquecível: Terra Sangrenta (The Killing Fields). Um filme que não só retrata a amizade, os sentimentos e a injustiça, como o período negro do Khmer Vermelho quando tomaram Phnom Penh. Um filme de Roland Joffé, baseado em factos verídicos, com a extraordinária interpretação de Haing S. Ngor e com as participações de Sam Waterston e John Malkovich. Um filme único na minha filmografia. É impossível perder este filme para perceber o que se passou no Cambodja.

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