sábado, 18 de setembro de 2010

MOMENTOS TRISTES

José Mourinho falou sobre a conversa com Gilberto Madaíl:
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O presidente da federação, de um modo muito objectivo e até emocional, pediu-me que, pelo facto de os campeonatos pararem durante 15 dias nesse período, haver uma debandada geral no Real Madrid e como tal a minha ausência não ir ter uma grande influência no meu trabalho aqui, tentasse ajudar a Selecção nesses dois jogos decisivos, que podem abrir a qualificação ou afastar a equipa de vez do Europeu.”
José Mourinho

É óbvio o desespero de Madaíl e o investimento em medidas desesperadas. Medidas essas que por falta de ponderação não observaram o absurdo da situação. Naturalmente que Madaíl resolveu jogar com o nome de Mourinho, para todos os efeitos, quer para os jogadores como para a opinião pública, mas esqueceu-se que esta é uma medida condicionadora do futuro da selecção e um atestado de incompetência para o novo seleccionador.


Disse-lhe o que pensava. Primeiro, que não é um treinador que em dois ou três dias que pode ajudar muita coisa; depois que os jogadores têm de ajudar com espírito de missão e não apenas passear classe e prestígio ganha nos clubes; que a imprensa tem de estar unida à volta da Selecção; e por fim que os portugueses têm de encher estádios para empurrar a equipa. A minha ajuda seria muito limitada.”
José Mourinho

Milagres? Toda a gente vê que esta é uma medida estéril e que é necessário apostar num técnico que recupere o que foi desperdiçado, mas com tempo para isso, e não em messias que não garantem coisa nenhuma. E se perdesse? Quais as consequências? E se ganhasse? Como seria o futuro da selecção e do novo seleccionador? Sinceramente, até os treinadores deviam gritar contra esta solução, porque não os dignifica e diminui a importância do seu trabalho.


Não lhe digo não, porque não ficaria bem comigo próprio, com o meu orgulho de português. Mas não posso dizer que sim, porque sou treinador do Real, tenho um trabalho que me apaixona, que é para os próximos quatro anos. Entreguei à sua capacidade para conseguir persuadir o Real Madrid a decisão e coloco-me fora das conversas e das decisões.
José Mourinho

Esta opção de Gilberto Madaíl serviu até para entalar Mourinho. Chantagem emocional? É natural que entre a espada e a parede, Mourinho encha o balão, não comprometa o seu futuro na selecção e sacuda a responsabilidade. Vamos ver se esta investida não prejudica o próprio treinador no Real Madrid.


Não teria nada a ganhar, só a perder. Felizmente não preciso de trabalho, estou sentado na cadeira em que 99,9 por cento do treinador gostariam de estar sentados. Não preciso de dinheiro. Informei que se fosse ia por zero euros, nem a gasolina queria me pagassem. Também não tenho necessidade de afirmação pessoal. Seguramente que não era eu que retiraria algo positivo desta chamada, apenas o sentimento de orgulho.”
José Mourinho

Também parece óbvio que esta ideia iluminada de Madaíl encheu o ego de Mourinho, que às vezes também se confunde com um deus menor. Naturalmente correria riscos, mas também ganharia muito se chegasse e vencesse. Para isso, parece que não se importava de ser alugado, não se importaria com as etapas seguintes e muito menos com quem viesse. Já cá não estaria. Estaria longe, a gozar os sabores dos deuses.

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