terça-feira, 19 de agosto de 2008

ECOS DA FRUSTRAÇÃO

Christopher Jarvis, atleta canadiano de remo e diabético disse uma vez: “O verdadeiro espírito olímpico não é ganhar uma medalha de ouro, mas superar os seus próprios limites”.

Já se elevam as vozes contra os resultados obtidos em Pequim 08.
Antes, quero recordar que o COP assumiu como propósito chegar às 4 medalhas e aos 60 pontos. Nessa altura, ninguém se manifestou porque sempre se considerou que esse objectivo era uma estimativa “por baixo”. O sonho das medalhas, alimentado por atletas, dirigentes e pela comunicação social, cedo se transformou numa montanha pronta para parir um rato.
Antes, ainda, Fernanda Ribeiro revelou a sua indignação pelo facto do COP exigir “mínimos” mais exigentes que o próprio COI e que, pelo facto, não estaria em Pequim.
No balancete, começam a surgir comentários condenatórios sobre determinadas afirmações de atletas que não cumpriram objectivos; que o método de selecção deve ser revisto; que só devem marcar presença nestes eventos atletas com capacidade e atitude competitiva; que só devem participar atletas com possibilidades para ganhar medalhas ou estarem lá perto; que se devem cortar subsídios; que devem acabar as “excursões”, os “passeios” e as “digressões” com espírito veraniante e não com espírito olímpico.
Juntando a isto, as palavras duras de Vanessa Fernandes: “Há pessoas a quem lhes é igual ficar em 50º ou 20º ou o que quer que seja”.
Mais a fundo, há quem meta o dedo na ferida, ou seja, na classe dos dirigentes e dos treinadores que não conseguem aferir verdadeiras prioridades desportivas e o interesse colectivo.
Tudo isto tem verdade e tem exagero.
É preciso analisar, ponderar e proceder em conformidade. Mas, também é preciso considerar que sem competição não há evolução. Sem condições não há campeões. Sem participar não se obtêm conhecimentos. Sem errar não se corrige. Sem perder não se ganha.
Pergunto qual a percentagem de atletas que falharam na sua primeira olimpíada? Pergunto quantos campeões já falharam nos Jogos Olímpicos?
Daqui a 4 anos teremos Inglaterra 2012, quem começará a trabalhar a sério e com objectivos definidos ainda em 2008?
Uma coisa é certa, sem sofrimento não há campeões. Qual o campeão sem superação.

Por falar em superação, lembrei-me do extremo dos extremos daquela maratonista Suiça em Los Angeles 1984, Gabriele Andersen Scheiss. Procurei na Net e encontrei este vídeo impressionante:
http://www.youtube.com/watch?v=Zs4lbNPiat0&NR=1

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