domingo, 30 de novembro de 2008

BURLAR POR AMOR À OVARENSE


Manuel Miranda, ex-presidente e tesoureiro da Ovarense, é acusado de desfalque à Caixa de Crédito Agrícola de Ovar, no valor de 24 milhões de euros.
Segundo a acusação, entre Junho de 1998 e Junho de 2004, o então sub-gerente da Caixa de Crédito Agrícola e dirigente da Associação Desportiva Ovarense, primeiro como tesoureiro e depois na presidência após a morte do então presidente do clube, criou vários empréstimos fictícios que ia "cobrindo" com novos empréstimos idênticos, transferindo o dinheiro para contas da Ovarense. No total conseguiu gerar 798 empréstimos fictícios, de valor superior a 24 milhões de euros, lançados em 33 contas à ordem, que em Junho de 2004, quando se descobriu o estratagema, já estavam liquidados em cerca de 18 milhões de euros.
O antigo dirigente confessa os factos e declara-se arrependido, mas garante que os praticou somente para ajudar o clube que vivia em sérias dificuldades financeiras e que não usou o dinheiro em proveito próprio.

Quatro outros dirigentes da Ovarense na altura, Álvaro Oliveira, Álvaro Tojal, Manuel Ribeiro da Silva e Carlos Brás, estão acusados de cumplicidade moral no crime de burla informática. Um dos quatro ex-directores acusados no processo de alegado desvio de cinco milhões de euros de um banco para a Ovarense diz que é impossível o dinheiro ter entrado no clube, contrariando a versão do principal arguido.
"Não há hipótese nenhuma da Ovarense ter recebido cinco milhões de euros", afirmou Álvaro Oliveira, o antigo director responsável pela área do marketing, publicidade e comunicação da Associação Desportiva Ovarense (ADO), que fez parte, entre 1996 e 2004, da mesma direcção do ex-tesoureiro e ex-presidente do clube, Manuel Miranda. "Se fosse injectada essa importância mais as receitas próprias, então o orçamento era superior ao de alguns clubes da Primeira Liga e a Ovarense viveu, sempre, com grandes dificuldades para cumprir com as suas obrigações".
Álvaro Oliveira acrescenta, a propósito, que o último orçamento da direcção em que Manuel Miranda fez parte, "não ultrapassou os 400 mil euros". Acresce que todas as obras e investimentos no estádio "eram efectuados por alguns empreiteiros e pessoas amigas que não recebiam nada".

Pois é, a única certeza que parece haver é a de que a AD Ovarense não teve nada a ver com o assunto.

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